Cidade cria sistema perfeito para evitar congestionamentos

31 de janeiro de 2011

Nossos repórteres foram até a gelada Noruega pra mostrar um lugar onde esse sistema já funciona. Tente pensar no dia em que os carros da sua cidade vão poder conversar uns com os outros. Um trânsito inteligente, com zero de multas e zero de acidentes. Nossos repórteres foram até a gelada Noruega pra mostrar um lugar onde esse sistema já funciona. E pode acreditar --aos poucos, ele está chegando ao Brasil. 
São Paulo, bairro Vila Santos. Todos os dias o programador de dados Washington Barbosa sai para trabalhar com uma certeza. “Cada vez a gente tem que sair mais cedo e chega mais tarde”. O percurso entre a casa e o trabalho é de cerca de 20 quilômetros. Às 7h15 o Fantástico pega uma carona com o programador. Com pouco mais de quinhentos metros rodados, em um ponto do trajeto, já começa a fila de carros. São quase sete milhões de veículos registrados na capital. Se todos formassem uma fila, ela seria três vezes maior do que a costa brasileira, que é de pouco mais 7,3 mil quilômetros. As férias reduzem o número de carros circulando, mesmo assim, Washington fica ligado no rádio, para saber se precisa mudar o percurso. “Se ele fala que tem qualquer coisa na Marginal, eu já vou para Sumaré ou passo pela Lapa”, conta Washington. A pressa pode significar infração. Só em 2009, mais de 6,2 milhões de multas foram aplicadas na cidade. “Você está prestando atenção no farol e se esquece de olhar o velocímetro, aí o radar te pega”, explica. Depois da sucessão de sinais, temos sorte: o trânsito segue sem problemas. Às 8h30 chegam à empresa em que ele trabalha. “Começo o dia arrebentado”, reclama. A maior cidade do país tenta controlar os congestionamentos, com restrições a caminhões e com rodízio de veículos. “Isso vem tirando até hoje 20% dos veículos, por finais de placa”, conta o Irineu Gnecco Filho da CET-SP. Até pouco tempo se acreditava que só as ruas e avenidas de uma cidade precisavam ter mais inteligência. Agora o modelo é outro: “Hoje o inteligente será o carro”. Veja o teste dessa inteligência que está sendo feito na Noruega. A partir de 2011 o Brasil seguirá por este caminho, por conta de uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito. Trondheim, em norueguês, quer dizer "terra dos fortes". Mas não é pela força dos habitantes que a cidade chama a atenção. Com mil anos de história, ela tem um pé no futuro, ou melhor, quatro rodas no futuro. A cidade não parece muito grande, mas tem quase um carro por habitante. Ao todo são 120 mil pessoas dirigindo por ruas não muito largas. O campo de testes ideal para novas tecnologias. Trondheim se transformou na cidade do trânsito perfeito. O mundo está de olho em Trondheim por causa de caixotes verdes espalhados pelas ruas que você pode ver no vídeo. É um sistema de comunicação sem fio. Com ele, os carros formam uma comunidade. O engenheiro Knut Evensen, que desenvolveu a tecnologia do projeto, diz que os carros vão cooperar com os outros carros, vão cooperar com o sistema à beira das ruas, das estradas e com o escritório. O que ele chama de "escritório" é qualquer órgão interessado no bom andamento do tráfego. Dentro do carro, fica um computador pouco maior do que a tela de um GPS. Só que ele faz muito mais do que mostrar o caminho. O sistema envia um sinal, e o computador detecta: no lugar exato em que é preciso frear, surge na tela uma placa virtual: ‘cuidado: escola’. Quando o carro passa por uma estação, recebe o aviso com o horário do próximo trem. Outros carros mandam mensagens automáticas em caso de acidentes e engarrafamentos. A cabine do pedágio não existe mais. A taxa é calculada de acordo com o percurso. E o carro também conversa com ele mesmo. Quando passa em frente a um posto, já sabe se tem combustível para chegar até o próximo. Se não, ele avisa: é hora de abastecer. Na cidade do trânsito perfeito, ninguém fica dando volta procurando vaga para estacionar. Quando o carro está chegando perto do estacionamento, o sistema já mostra se tem vaga ou não. O motorista consegue fazer a reserva de uma vaga na hora e o sistema começa a mostrar o caminho até a vaga, que vai estar sempre aqui esperando pelo carro. Em 2013, uma parte do sistema já vai estar implantada na Europa e nos Estados Unidos. Graças a ele, nos dicionários do futuro a palavra carro vai significar um computador sobre rodas. No Brasil, o chamado Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos vai usar um chip como o que pode ser visto no vídeo, que é menor do que um grão de arroz e vai conter todas as informações sobre o veículo. O chip pode vir em adesivos ou em uma placa eletrônica. Na hora do licenciamento, um deles vai ser colado no vidro. A partir daí não é preciso fazer mais nada. Cada vez que o motorista passar por um leitor em ruas, avenidas ou rodovias vai transmitir e pode receber informações. Ele trocará informações usando antenas. Na capital paulista, estão previstas cerca de 2 mil delas. “Dará uma condição de pesquisa em tempo real, online, da velocidade do veículo, do volume de veículo, da origem e destino desses veículos”, diz o funcionário da CET-SP. O chip também pode ajudar a prevenir furtos e roubos de cargas e veículos. “Eles passam a constar no sistema, e todas as antenas que estão nas rodovias e nas cidades ficam sabendo desse evento, e elas podem avisar às autoridades locais”, conta Dario Thober do Centro de Pequisas Wernher Von Braun. A implantação do chip está prevista para começar no segundo semestre de 2011. A previsão é de que até o fim de 2014, toda a frota brasileira esteja licenciada com o chip.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua participação.

III Seminário Internacional de Tecnologia Educacional