No começo era o verbo... Já no futuro...

18 de maio de 2011




                                                 Professor Sidnei Alves da Rocha


Tudo em sua casa era da mais alta tecnologia.
            Filho de um grande empresário no ramo de computação e robótica, ele havia herdado toda a fortuna do pai, tornando-se o presidente daquela enorme companhia.
            Não poderia ser diferente.
        Sempre vivera em meio a robôs quase humanos, computadores e novidades tecnológicas desenvolvidos pela empresa de seu pai.
            Era, quando criança, muito desligado do contato com as pessoas. Vivia trancado em seu quarto, que passou a ser o seu mundo, a sua comunidade, a sua família...
            Dentro dele se sentia conectado com o mundo, longe, um peixe fora d’água.
            As poucas palavras que trocava com sua família era no caminho de casa para a escola, necessidade que fazia por obrigação, ou nas raras conversas com colegas de escola, ambiente para ele chatíssimo, pouco atraente e sem muita tecnologia ou que mantinha contato com tecnologia considerada por ele há muito superada.
            Seus pais também eram ligados às novidades tecnológicas e em diversos momentos do dia, seus diálogos se davam pelo MSN ou coisa parecida.

            Mesmo adulto, seu mundo continuava sendo seu quarto e, depois da morte de seus pais, assassinados por um robô que tivera seus direitos trabalhistas usurpado, exemplarmente condenado ao desmanche, ele assumiu a companhia e a comandava a distância, tendo diversos robôs à sua disposição para as ordens imediatas aos seus subordinados.
            Raríssimas vezes ia à companhia.
Quando o fazia, o alvoroço era total. Os empregados entravam em pânico por vê-lo fora de seu habitat e por sentirem de perto o seu mau humor e a sua tirania.
Seu trato era mil vezes pior que o tratamento que os robôs chefes dispensavam aos funcionários.
Vivia muito só, sempre conectado à Internet até altas horas da madrugada, dispensando enorme tempo de sua existência ao comanda de sua companhia e de suas máquinas.
Mas o ser humano necessita, sempre ou de vez em quando, de uns afagos, de uns carinhos, de uma companhia do sexo oposto para lhe dar atenção e prazer. Nessas horas, era só buscar um site de relacionamentos íntimos, escolher a mulher que mais lhe agradava, esperar a mensagem de que nenhum vírus (nem real nem virtual) fora detectado, pagar pelo programa e iniciar o download.
A mulher da tela do computador se personificava em seu quarto em questão de minutos para satisfazer-lhe os desejos carnais.
Saciada a libido, dava-se início ao upload e ela desaparecia de sua cama da mesma forma que surgira em seu quarto.
Trabalho, trabalho, trabalho...
Até que o corpo pediu mais prazer.
Todo o seu ser fervia de desejo.
Sua boca ansiava pelo toque.
Seu órgão parecia querer explodir.
Nova busca na internet. Achou a mulher dos seus sonhos, esperou com ansiedade a mensagem de que nenhum vírus fora detectado, efetuou o pagamento beirando o desespero, mas quando foi fazer o download, apertou a tecla errada e, antes que pudesse desfazer o erro, seu corpo começou a desaparecer começando pelos pés, subindo por suas pernas e tomando agora todo o seu tronco, mãos, braços e, por último, a cabeça.
O homem desapareceu.
Piscando na tela do computador somente a mensagem:
Upload realizado com sucesso!
                                                              Produção textual  atividade do curso de Mídias

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III Seminário Internacional de Tecnologia Educacional